2018 - 14º Bienal Internacional de Curitiba - Museu Guido Viaro
Sou Livre Porque Tenho Laços - Curitiba - Brasil
I AM FREE BECAUSE I HAVE BONDS
Nair Kremer
This exhibition celebrates the life of the Brazilian-Israeli artist-educator Nair Kremer. In proposing to revisit works from different moments of her career, there is an intention to understand this conjuncture as a rhizome: a root-metaphor that simulates the growth of a series of factors that do not necessarily draw a concise and logical narrative. Rhizomes sprout erratically, are free and at the same time are linked together.
When she was invited to exhibit at this museum, Nair met Guido Viaro – especially his practice as an art educator. The enthusiasm and energy in which Guido exercised his teaching and belief in art as transformation created a sense of identification on her because art-education is also a North to her work. Involving the other, letting oneself be affected by art, is what drives her role. She shares her internal issues and invites the public to approach, identify and discover - something that Nair enjoys watching as she becomes embodied from that contact. After years of dealing with the experience brought by the espectator the artist creates "take me home" - a gesture of giving herself, an invitation to the public to take with them part of her trajectory manifested in catalogs and magazines she collected during the years in contact with the art world.
When the artist builds sand tables, she offers a therapeutic terrain that awakens the subjectivity, the imagination and the unconscious in who interacts with her work. In the archives, Nair calls people from her sorrunding to build sensory drawers - an experience provided through collaboration. In this work version, the artist proposes that each participant has the choice to prepare their own drawer.
The works of this exhibition, which are presented in different formats, materials and times, also convey freedom. The Three Graces, goddesses of virtue and bonanza, acquire a recent representation in anthropomorphic figures. These supernatural beings extrapolate the grief of steel and move as if they wanted to break free. Birds, icons of freedom in a widespread imaginary appear in the woods, paintings and sculptures. The forms in oil paint indicate the possibility of experimentation and the release of gesture.
The thought carried by Nair's work presents new understandings of what it is to be free: we are free when we learn and teach, when we share, when we create bonds. We are roots that are intertwined, rhizomes that provoke meetings.
Marina Ramos
September 2018
SOU LIVRE PORQUE TENHO LAÇOS
Nair Kremer
Esta exposição celebra a vida da artista e arte-educadora brasileira-israelense Nair Kremer. Ao
propor a revisitação de trabalhos de diferentes momentos de sua carreira, existe a intenção em
entender essa conjuntura como um rizoma: uma raiz-metáfora que simula o crescimento de uma
série de fatores que não necessariamente desenham uma narrativa concisa e lógica. Rizomas brotam
de forma errante, são livres e ao mesmo tempo estão ligados entre si.
Quando foi convidada a expor neste museu, Nair conheceu Guido Viaro - sobretudo a atuação dele
como arte-educador. O entusiasmo e energia com que Guido exercia sua docência e crença na arte
como transformação provocou um sentimento de identificação na artista porque a arte-educação é
um norte para o trabalho de Nair. O envolvimento do outro, o deixar-se afetar pela arte é o que
impulsiona o seu fazer. Ela compartilha suas questões internas e convida o público à aproximação, à
identificação e à descoberta - algo que Nair tem prazer em assistir, à medida que se constitui como
pessoa a partir desse contato. Após anos dessas vivências com o espectador a artista cria “leve-me
para casa" - um gesto de se doar, uma convite ao público a levar consigo parte de sua trajetória
manifesta catálogos e revistas que recolheu ao longo dos anos que conviveu com a arte.
Quando a artista constrói mesas de areia, ela oferece um terreno terapêutico que desperta a
subjetividade, a imaginação e o inconsciente em quem interage com este trabalho. Em seus
arquivos, Nair chama pessoas de seu convívio para construir gavetas sensoriais - uma experiência
fornecida por meio da colaboração. Nesta versão do trabalho, a artista propôs que cada participante
tivesse a escolha de como preparar sua gaveta.
Os trabalhos dessa exposição, que estão apresentados em diferentes formatos, materiais e épocas,
também transmitem a liberdade. As Três graças, deusas da virtude e da bonança,adquirem uma
representação recente em figuras antropomórficas. Esses seres sobrenaturais extrapolam o pesar do
aço e se movimentam como se quisessem se libertar. Os pássaros, ícones da liberdade em um
imaginário difundido aparecem nas madeiras, pinturas e esculturas. As formas em tinta à óleo
indicam a possibilidade de experimentação e soltura do gesto.
O pensamento que o trabalho de Nair carrega apresenta novos entendimentos do que é ser livre:
somos livres quando aprendemos e ensinamos, quando partilhamos, quando criamos laços. Somos
raízes que se entrelaçam, rizomas que tramam encontros.
Marina Ramos
Setembro 2018